O Irã anunciou que realizará novas conversas sobre seu programa nuclear com Grã-Bretanha, França e Alemanha em Istambul, em 25 de julho de 2025. Esta reunião é uma continuação dos diálogos anteriores, com o objetivo de estabelecer um terreno comum entre as partes envolvidas.
As discussões ocorrem em um momento de tensões elevadas, especialmente após os recentes ataques a territórios iranianos em junho de 2025, que contaram com o apoio dos Estados Unidos. Esses eventos levaram a um conflito de 12 dias que afetou sítios nucleares chave. As potências europeias, conhecidas como E3, ameaçam reativar o mecanismo de "snapback" das sanções da ONU contra Teerã caso não haja um acordo até o final de agosto, com o prazo para a ativação desse mecanismo expirando em outubro.
O foco principal das negociações gira em torno de divergências cruciais, notadamente a posição do Irã sobre o mecanismo de "snapback" proposto pelos países europeus. Este mecanismo é particularmente relevante devido às tensões contínuas com os Estados Unidos, que se retiraram unilateralmente do acordo nuclear em 2018. A retirada dos EUA do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), assinado em 2015, marcou um ponto de virada significativo, levando o Irã a reduzir suas obrigações no acordo, enquanto os países europeus lutaram para mitigar o impacto econômico das sanções americanas.
O Ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian (falecido em maio de 2024), negou qualquer base legal para a implementação do "snapback" pelos países europeus, afirmando que estas nações "minaram a base do acordo nuclear e praticamente anularam seus benefícios". O Irã suspendeu a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) após os ataques de junho, e os europeus pressionam pela retomada do trabalho dos inspetores nucleares para evitar que Teerã reorganize seu programa nuclear.
A delegação iraniana será liderada pelos vice-ministros das Relações Exteriores para Assuntos Jurídicos e Internacionais, Kazem Gharibabadi, e para Assuntos Políticos, Ali Bagheri Kani. A reunião em Istambul é vista como uma oportunidade para tentar salvar o acordo nuclear de um colapso total, com as discussões focadas nos desafios mútuos enfrentados pelas partes.
A situação econômica do Irã tem sido severamente afetada pelas sanções. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previa uma contração econômica, com a moeda iraniana enfraquecendo e a inflação aumentando. A capacidade do Irã de reconstruir seu programa nuclear após os recentes ataques é um ponto de grande interesse, com avaliações indicando danos significativos à infraestrutura, embora o programa não tenha sido completamente eliminado. A questão do "snapback" das sanções da ONU, que expirará em outubro, adiciona uma camada de urgência às negociações, com os E3 prontos para reimpor sanções se o Irã não demonstrar progresso diplomático.