Um estudo recente da Curtin University, publicado em 17 de julho de 2025, destacou uma preocupação crescente na comunidade científica: a interferência causada pelos satélites Starlink da SpaceX nas observações de radioastronomia. A pesquisa analisou 76 milhões de imagens do céu ao longo de quatro meses, revelando que até 30% dessas imagens foram afetadas por emissões de rádio não intencionais dos satélites.
Dylan Grigg, líder do estudo, informou que foram detectadas mais de 112.000 emissões de rádio provenientes de 1.806 satélites Starlink. O estudo observou que alguns desses satélites emitiram sinais em frequências protegidas para radioastronomia, como a faixa de 150,8 MHz. Essas emissões, originadas de componentes eletrônicos internos, não são intencionais e, portanto, difíceis de prever ou filtrar pelos astrônomos. A segunda geração de satélites Starlink parece emitir níveis mais elevados de radiação eletromagnética não intencional em uma faixa de frequência mais ampla, agravando o problema. A expansão contínua da constelação, com 477 novos satélites lançados durante o período de coleta de dados, intensifica a preocupação com o impacto cumulativo na pesquisa científica.
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) possui regulamentações para proteger as observações astronômicas contra transmissões intencionais, mas essas normas não abrangem as emissões não intencionais. Steven Tingay, professor da Curtin University, ressalta a necessidade de atualizar as políticas internacionais para mitigar o impacto dessa tecnologia. Embora as discussões com a SpaceX tenham sido descritas como construtivas, a magnitude do problema exige uma abordagem colaborativa. O impacto da Starlink na radioastronomia reflete um desafio maior: o equilíbrio entre o avanço tecnológico e a preservação de ambientes científicos cruciais. A radioastronomia, fundamental para desvendar os mistérios do universo, depende de um silêncio radioelétrico cada vez mais ameaçado pela proliferação de megaconstelações de satélites.