Geopropolis como Nova Arma Contra o Mosquito da Dengue
Pesquisadores descobriram que a geopropolis, um tipo de própolis produzida pela abelha sem ferrão Melipona quadrifasciata, possui um composto com potencial para eliminar larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.
Diterpeno: O Componente Ativo da Geopropolis
O estudo, realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB) e startups em Ribeirão Preto, identificou o diterpeno presente na geopropolis como o principal responsável por essa atividade larvicida. Testes demonstraram que a geopropolis pode causar a morte de 90% das larvas em 24 horas e 100% em 48 horas.
Origem do Diterpeno e Potencial para Produção em Larga Escala
A pesquisa revelou que o diterpeno se origina da resina do pinus (Pinus elliottii), uma árvore cultivada para a produção de madeira e resina. As abelhas Melipona quadrifasciata coletam essa resina, e sua saliva transforma-a em compostos bioativos com ação contra as larvas. A identificação do diterpeno na resina de pinus abre caminho para a produção industrial do composto, seja por processos químicos ou biorreatores.
Aumento Global da Dengue e a Busca por Alternativas
A descoberta surge em um momento crítico, com o aumento global de casos de dengue. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reporta um aumento de 8 vezes na incidência global de dengue entre 2000 e 2019. Em 2023, foram notificados mais de 5 milhões de casos em 80 países. Só em 2024, já foram reportados mais de 10.6 milhões de casos nas Américas do Norte e do Sul.
Próximos Passos e Implicações Futuras
Apesar do potencial promissor, a produção natural de geopropolis é limitada. No entanto, a identificação do diterpeno na resina de pinus oferece uma alternativa para a produção em larga escala. Estudos adicionais são necessários para garantir um fornecimento estável e sustentável para aplicações em grande escala.
A pesquisa foi publicada na revista científica Rapid Communications in Mass Spectrometry e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Ministério da Saúde.