Em agosto de 2025, a China e o Brasil intensificaram suas relações bilaterais, com foco renovado na cooperação econômica e alinhamento estratégico. Essa aproximação ocorre em resposta à imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre bens brasileiros, como café e carne bovina, visando fortalecer a resiliência econômica mútua e buscar mercados alternativos.
A visita do Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à China em maio de 2025 resultou na assinatura de 20 acordos em áreas como comércio, infraestrutura, tecnologia e agronegócio. Um marco importante foi a aprovação pela China da importação de grãos secos por destilação (DDGs) brasileiros, fortalecendo a colaboração agrícola.
Paralelamente, a 17ª Cúpula do BRICS, realizada em julho de 2025 no Rio de Janeiro sob a presidência brasileira, abordou o desenvolvimento inclusivo e sustentável, a reforma da governança global e a necessidade de maior representação do Sul Global. A cúpula também enfatizou a importância da coordenação entre os países do BRICS para defender o sistema multilateral de comércio e promover a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC).
As tarifas impostas pelos EUA, em vigor desde 6 de agosto de 2025, impactaram significativamente a economia brasileira. As exportações de carne bovina para os EUA caíram 62% em agosto de 2025 em comparação com meses anteriores, enquanto as exportações de café registraram uma redução de 55,24% no mesmo período, devido ao aumento dos custos para compradores americanos.
Em resposta, a China reafirmou seu compromisso em fortalecer a coordenação com o Brasil para resistir ao unilateralismo. O Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, destacou que a relação China-Brasil está em seu melhor momento histórico. A colaboração inclui a busca por alternativas ao sistema financeiro global dominante, com o acordo de liquidação comercial em Renminbi-Real (RMB-BRL) para reduzir riscos cambiais e custos de transação.
A estratégia brasileira envolve contestar as tarifas na OMC e fortalecer laços comerciais com parceiros do BRICS, visando criar um contrapeso às políticas comerciais unilaterais. O aprofundamento das relações sino-brasileiras, com 37 acordos assinados, reflete uma visão de longo prazo para um futuro mais equitativo e sustentável, alinhado aos princípios de cooperação e desenvolvimento mútuo.