O Dilema Ético do Rastreio do Cancro do Estômago em Portugal

Portugal enfrenta uma das maiores incidências de cancro do estômago na Europa Ocidental, levantando questões éticas complexas sobre o rastreio e a alocação de recursos. A prevalência elevada de infeção por Helicobacter pylori (H. pylori), que afeta uma parte significativa da população, é um fator de risco significativo. Contudo, implementar um programa de rastreio generalizado acarreta dilemas éticos. A questão ética reside em equilibrar os benefícios da deteção precoce com os custos financeiros e os potenciais danos para os indivíduos saudáveis que podem ser submetidos a procedimentos invasivos desnecessários. O Núcleo Oncológico Nacional de Portugal (NCH-PT) lançou um programa piloto de rastreio populacional de H. pylori na ilha Terceira, nos Açores, onde a incidência de cancro do estômago é superior à média nacional. Este programa levanta questões sobre a equidade no acesso aos cuidados de saúde, uma vez que nem todas as regiões do país têm os mesmos recursos. A análise custo-utilidade do rastreio endoscópico do cancro do estômago em conjunto com uma colonoscopia programada pode ser rentável em países com risco intermédio de adenocarcinoma gástrico, como Portugal. No entanto, a decisão de implementar um programa de rastreio a nível nacional exige uma ponderação cuidadosa dos princípios éticos, da eficácia clínica e da viabilidade económica. A ética da prevenção do cancro do estômago em Portugal passa por garantir que as decisões são informadas, equitativas e centradas no bem-estar dos cidadãos.