Uma pesquisa abrangente, publicada na revista JAMA, demonstra que uma intervenção de estilo de vida estruturada pode aprimorar significativamente a função cognitiva em idosos com risco de declínio.
O estudo U.S. POINTER, que acompanhou mais de 2.000 participantes com idades entre 60 e 79 anos, comparou um programa multifacetado com uma abordagem autoguiada. Os resultados indicam que o grupo que seguiu a intervenção estruturada, que incluiu atividade física regular (30-35 minutos de atividade aeróbica moderada a intensa quatro vezes por semana, além de exercícios de força e flexibilidade duas vezes por semana), adesão à dieta MIND, treinamento cognitivo e monitoramento da saúde, apresentou melhorias anuais médias mais expressivas na função cognitiva global em comparação com o grupo que seguiu um plano autoguiado.
Essa abordagem mais intensiva e com maior responsabilidade demonstrou proteger o raciocínio e a memória do declínio natural associado ao envelhecimento ao longo dos quase dois anos de acompanhamento do estudo. As descobertas do U.S. POINTER, um ensaio clínico randomizado com mais de 2.100 participantes em cinco centros acadêmicos e sistemas de saúde dos EUA, reforçam a ideia de que mudanças de estilo de vida acessíveis e sustentáveis podem proteger a função cognitiva em diversas comunidades.
Os benefícios cognitivos foram consistentes em diferentes idades, sexos, etnias, condições de saúde cardíaca e status genético do APOE4, sugerindo que essas intervenções são eficazes mesmo para indivíduos com risco elevado de demência. A dieta MIND, que combina elementos das dietas Mediterrânea e DASH, tem sido associada a um menor risco de declínio cognitivo. Estudos indicam que uma maior adesão a essa dieta pode reduzir o risco de comprometimento cognitivo em 4%, com benefícios ainda mais pronunciados em mulheres.
Além disso, a atividade física por si só demonstrou ter um impacto positivo, com análises mostrando que adultos com níveis mais elevados de atividade física tiveram um risco 38% menor de declínio cognitivo. A pesquisa também sugere que o treinamento cognitivo, como programas de computador que desafiam a mente, pode melhorar a agilidade mental e a velocidade de processamento, com alguns estudos indicando melhorias de até 300% na velocidade de processamento.
Esses achados sublinham a importância de uma abordagem de estilo de vida multifacetada para a saúde cerebral, oferecendo um caminho promissor para retardar o declínio cognitivo em populações envelhecidas. A pesquisa também destacou que, embora ambas as abordagens tenham levado a melhorias cognitivas, o programa estruturado ofereceu ganhos superiores, sugerindo que a intensidade e o suporte adicionais podem amplificar os benefícios. O estudo U.S. POINTER, financiado pela Alzheimer's Association, é um marco na demonstração de que intervenções de estilo de vida podem ter um impacto mensurável na saúde do cérebro, independentemente de fatores genéticos ou de saúde preexistentes.